segunda-feira, 26 de abril de 2010

SONHE ... REFLITA ... VIVA



SOMENTE COMO A CHUVA


Ontem a noite eu olhava a chuva

O jeito que ela tocava o chão, a maneira firme como caía

o som incomum que só ela faz

A simplicidade da chuva me fascinou

Pois ela é somente o que é, A chuva

Ainda que a denominemos como fina, forte, com ventos,

passageira, de verão ou de inverno

Nela não há pretensão ou desejo algum, ela simplesmente é

Não precisa avisar quando chega e nem quando cessa

Não precisa se aperceber em fortaleza ou fraqueza

Somente cair e seguir

Sem destino ou vontade de ir ou ficar

Ainda que inventemos meios de contê-la, ao fim não poderá ser contida

Voltará ao céu, invisível, evanescente, sem cor, sem cheiro, sem mágoas ou culpas

Livre como o vento

E tão subitamente como começou, ela cessou

Não sei quanto tempo durou

Também não importa

Porém ao ir embora, deixou em mim um desejo e uma forte vontade

De ser somente como a chuva.


By Arthur Suan, O Incompreendido - Livre como o vento

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